Esses dias estive pensando em como seria a minha volta ao Brasil? Poucas pessoas pensam em o quão doloroso pode ser o retorno ao Brasil depois de uma temporada no exterior. O excesso de expectativas aliado às condições econômicas mais favoráveis em países desenvolvidos são ingredientes que, mal administrados psicologicamente, podem resultar em problemas sérios de readaptação. O sonho do intercâmbio pode provocar uma bela ressaca no retorno. Além do cuidado com os mitos do intercâmbio, o candidato a uma temporada longe do país deve ter bem claro o que pretende e não criar falsas perspectivas.
Especialistas que tem experiência no assunto alertam os intercambistas para ter muito cuidado com o que pode encontrar no Brasil. "Existem fatos de pessoas que admitiram ter superestimado os benefícios do intercâmbio e quando retornaram perceberam que a coisa não era bem assim", A pessoa chega lá fora e encontra uma realidade mais fácil. Mais fácil arranjar emprego e conseguir algumas coisas. Quando retorna, percebe que aqui no Brasil esse tipo de coisas ainda está difícil. Já tive casos de retorno complicado, em que readaptação foi complicada e a pessoa teve de procurar um psicólogo para voltar à realidade daqui", lembra ele.
Para a psicoterapeuta Sônia Maria Guaraldo Miguel, colaboradora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) as diferenças nas condições sócio-econômicas são um ponto nevrálgico no que diz respeito à readaptação pós-intercâmbio. "As diferenças nas perspectivas do que um país desenvolvido pode oferecer, sobretudo para o jovem, em comparação com o Brasil são significativas. Aqui o trabalho é mais escasso, o mercado mais competitivo e com muita exigência. O jovem fica sem perspectivas de trabalho até para suprir os desejos dessa fase da vida. No exterior, o jovem trabalha e ganha relativamente bem. Ela também aborda outros aspectos da vida social nesses países como fatores de impacto no retorno para a casa, como segurança, eficiência governamental e de serviços em geral, que propiciam aos cidadãos qualidade de vida diferente da existente no Brasil.
A família que enfrenta problemas com a readaptação de um intercâmbista deve ter muita paciência e compreensão. Sônia destaca que, nesse período, as conversas devem ser freqüentes, mas os pais devem ter em mente que o fundamental nesse processo é ouvir. "A família é determinante neste processo. Os pais devem procurar colocar os pés do jovem de volta no chão. Nessa fase, eles têm seus sonhos e o adulto pode mostrar caminhos viáveis, dentro da realidade brasileira, para sua concretização. Para isso, porém, é preciso tentar entendê-lo e escutar muito", diz a psicoterapeuta.
A adaptação em um país estrangeiro leva em torno de 6 meses e a readaptação ao país de origem até dois anos, segundo a psicóloga Kyoko Nakagawa, coordenadora do projeto Kaeru que cuida de crianças que retornam ao Japão e sofrem os sentimentos relatados acima. Foi pensando nisso que o Itamaraty preparou o Guia de Retorno ao Brasil voltado a quem regressa ao pais.
Escutei uma frase importante sobre esse assunto que fiquei a pensar.
Você saiu da sua rotina e de todos que viviam ao seu redor, do seu pais, dos seus costumes, e depois de longo ou até mesmo curto tempo voltou para casa com outra visão, uma experiência de vida diferente, sim, ótimo, mas não podemos esquecer que aquelas pessoas que lá ficaram, não viram nada disso, não sentiram e não viveram, portanto quem mudou foi somente você, não espere o mesmo e não ache que aquilo ou lugar que deixou há algum tempo atrás tenha mudado radicalmente.
Tiago Santos.
Ótimo post!
ResponderExcluirEu só penso em chegar, mas na volta.. pelo menos já enfiei na cabeça que minha vida é aqui no Brasil e não lá em Dublin!
Intercâmbio por mais que vc aumente o tempo dele é por um tempo..
Eu tenho minha visão particular do Brasil, sempre comparo com aquelas personagens piriguetes de novela, todo mundo critica, olha torto, mas no final se apaixona! hehe
Não adianta comparar não é? Acho que ajuda já sair daqui do Brasil sabendo o que é nosso país: é emergente, nada mais. Não posso querer um país europeu aqui depois de somente um ano né? Seria querer demais!