Um ponto de vista sobre moradias.

Acho que é presente no pensamento de todo mundo que vai fazer intercâmbio a vontade de “morar com gringo”, por poder praticar inglês todo o tempo, conhecer cultura e blá blá blá. Eu esperei 2 meses pra fazer esse post pra poder escrever com propriedade. Mas vamos partir do início.

Quando eu cheguei na Irlanda eu fiquei na acomodação estudantil da escola, onde só tinham brasileiros, morei lá por 1 mês mais ou menos onde mudei pra outra casa, que também era acomodação, naquela época eu tinha acabado de ser contratado pela escola e fui morar lá pra também ajudar a tomar conta do pessoal que chegava. Alí tive contato com alguns estrangeiros, mas não com tanta frequência, portanto eu falei muito português nesse meu primeiro ano de Irlanda. 

Mas antes que você comece a me crucificar e falar que eu fiz errado vou explicar o porque que isso foi bom.  Cria-se um vinculo de amizade muito bom, e quando vc chega em um pais onde tudo é novo é importante você ter alguem pra conversar ou pra fazer uma festa quando bate uma solidão. Conheço gente que sempre morou com brasileiros e saiu daqui falando inglês muito bem, o que prova que esse lance de “ai, nao quero brasileiro porque senão não vou aprender inglês” é desculpa pra sua incompetência e preguiça de estudar.

Morar com brazuca o tempo todo teve os seus contras também, pois meu inglês não evoluiu na velocidade que eu queria, mas eu moro num pais onde tudo é em inglês, então procurei estudar e fazer amizades com gringos, assim eu conseguia morar com brasileiros (o que eh bem confortável as vezes) e aprender inglês.

Quando eu voltei das férias no Brasil, eu voltei convicto em morar com estrangeiros pra praticar mais inglês,  e aí depois de algumas tentativas encontrei uma casa que é tipo um sonho. Hoje eu divido casa com a Margaret, uma irish de 51 anos que tem familia no Condado de Cavan, que é também a dona da casa. A casa é gigante, tem uma sala grande, uma cozinha muito grande também, banheiro com banheira, quintal e o meu quarto é bem espaçoso também. Pago €70 euros por semana, e as contas são baixinhas, pois eu trabalho o dia todo e ela também. 

Da até pra falar que essa casa foi meio coisa do destino, eu conheci a Margaret quando um aluno que estava na acomodação que eu morava encontrou a vaga disponível no DAFT, e como ele não fala muito bem inglês ele me chamou pra ir com ele, nessa ocasião eu ja passei meu telefone pra Margaret e caso ela precisasse de alguma ajuda era só me avisar. Quando esse amigo foi embora ela me mandou uma mensagem e pediu pra eu ajudá-la a encontrar outro aluno, nessa época eu tinha uma amiga que acabara de chegar em Dublin e indiquei ela pra vaga. Quando ela saiu da vaga a Margaret precisava de alguem pra morar lá, aí eu abracei a causa. 

Agora todo mundo ta querendo saber como é dividir a casa com uma Irish. Velho, é demais, ela é muito educada e bem humorada, nós conversamos pouco, pois quando eu chego do trabalho ela ainda não está em casa, e quando eu termino de jantar ela ja está na sala. As vezes quando eu nao tenho trabalho pra fazer eu fico por ali assistindo TV e tomando um chá com ela, conversamos sobre diversas coisas, sobre como eu vivia no Brasil, ela conta histórias da vida dela. 

As diferenças são vistas muito na cozinha de casa, ela acha o tempero brasileiro muito forte e não gosta de alho, nem do cheiro. Então eu tive que adaptar a minha dieta pra evitar conflito (mesmo porquê nunca fiz questão nenhuma de alho). Já ela curte um Curry, e vira e mexe rola uma comida amarela lá em casa, mas é de boa também. De restante é bem tranquilo. 

Nos fins de semana quando ela não vai pra Cavan que fica mais ao nordeste da Irlanda, quase na divisa com a Irlanda do Norte, ela fica em casa, limpa a casa, corta a grama, compra coisas pra arrumar na casa, as vezes sai e as vezes fica lá. A convivência é muito boa e eu gosto muito de morar ali pelo fator tranquidade, já que a minha casa é num bairro bem residencial e por não tem um milhão de pessoas na minha casa todo o tempo. Fora que tem um LUAS bem na porta e comércio bem próximo.

Concluindo a idéia do post (depois de viajar um pouco), morar com brasileiros não é de todo ruim desde que você não seja um maria-vai-com-as-outras, e morar com gringo é bom também, desde que os gringos sejam gente boa. Vai da sorte e também de oportunidades, basta saber agarrar.

E o melhor, se não der certo na primeira vez que você escolher uma casa, continua procurando por uma vaga do jeito que você queira. Lembre-se, quando você saiu do Brasil você tinha um objetivo, e missão dada é missão cumprida parceiro!

ABS Rapaziada.