segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Histórias de Intercâmbio - Sheilla Oliveira


A minha doce vida de Au Pair.

Há dois anos eu me formei em jornalismo, porém não me via preparada para exercer minha profissão e decidi fazer um intercâmbio para aprimorar meu inglês. Pesquisando muito encontrei o programa Au Pair, que de acordo com minhas prioridades era o de melhor custo-beneficio já que e um intercâmbio de estudo e trabalho. Você mora com uma familia americana, cuida das criancas dessa familia e em troca eles te pagam um salário semanal e cursos que voce queira fazer. Achei tudo isso muito válido e decidi sair da minha zona de conforto e embarcar nessa aventura.

Eu sabia que minha vida iria mudar, mas nao imaginava o quanto!

As primeiras frases que me foram ditas ao comunicar minha decisão foram as mais bizarras. De uns eu escutava: Mas filha tem que tomar cuidado, vai que e uma rede de prostituição. Por outros eu era repreendida: Mas voce se formou na faculdade para ir limpar bumbum de nenem?! Todos estavam muito enganados.

Primeiro, eu passei dias e noites a fio pesquisando sobre o programa que e 100% seguro e a agência em que me cadastrei tem o apoio dos governos brasileiro e americano. E Segundo, ser Au Pair não significa apenas ser babá, (pelo menos nao no meu caso) significa ser parte de uma familia que te acolhe e ter uma experiência extra-cultural que é impossivel descrever em algumas linhas!

A minha familia entendeu, a agência me aceitou, fiz todos os testes requeridos e pronto, comecaram as entrevistas com as familias americanas. Fechei contrato com uma familia da Virginia, e tive um mês para me preparar, tirar meu visto, arrumar minhas malas e a pior parte do processo: Me despedir.

Foram dias intermináveis, afinal, como colocar em duas malas todas as coisas que você acha que nao pode viver sem? O que fazer com todas as coisas que você tem e nao pode levar? Como se despedir das pessoas que estão ao seu lado desde que você se entende por gente? Não foi fácil.

A experiência de vida que eu tive aqui nos Estados Unidos nunca, ninguém, nada vai poder tirar de mim. Em 22 anos vividos no Brasil, mais precisamente em Bertioga, cidadesinha do litoral de SP, eu jamais imaginei que viajaria tanto, conheceria tanta gente, me adaptaria a viver dentro de uma cultura totalmente diferente, mudar meus hábitos alimentares, me acostumar com um frio que congela a alma e acima de tudo, aprender a conviver, respeitar e amar as diferenças!

A princípio vim para ficar um ano, mas minha familia americana e eu optamos por estender o contrato para o segundo ano, que e o máximo permitido pela agência e pelo governo americano. E falando em minha familia americana, eles são parte de mim. Dei muita sorte, ou de repente por ter pesquisado demais soube escolher. Mas meus “host parents” e minhas duas crianças foram o melhor presente, a melhor dadiva que eu recebi desde que decidi tirar os pés de casa! 

Eu ensino portugues para nossas criacas e meu bebe que quando eu cheguei aqui tinha quarto meses, hoje tem dois anos e fala comigo apenas em portugues! Me sinto tao feliz e orgulhosa. Eles me tratam como filha, sou parte da familia, mas nem todas as meninas dao a mesma sorte!
Eu aproveitei muito, tudo ao extremo! Fiz amizades que levarei para a vida toda. Estudei, aprendi o bendito inglês que era minha prioridade numero um. Viajei em dois anos o que nao havia viajado na vida inteira! Conheci aproximadamente 18 Estados americanos e tambem visitei o México durante uma de minhas férias. Um ponto positivo dos Estados Unidos e que viajar aqui e muito barato comparado ao Brasil! Alias, há muitos pontos positivos em viver aqui. E tudo muito mais prático, rápido e acessível.

Agora mais dificil que me despedir das minhas pessoas queridas no Brasil, será me despedir de minha familia americana e das grandes amizades que fiz aqui. A razão é obvia, eu sabia que ficaria longe mas também sabia que isso teria um prazo, e que quando eu voltasse estariam todos, se Deus quisesse, no mesmo lugar, para onde eu voltaria de vez. Mas quanto a minha familia daqui não será a mesma coisa e meus amigos moram em diferentes estados no Brasil. Eu os amarei para a vida toda e com certeza irei visitá-los com a frequência que minha rotina e minha situacao financeira permitirem!

Ser uma Au Pair foi a melhor decisão que eu ja tomei na vida! Gracas a Deus, a sorte, as pesquisas e gracas a essa familia americana maravilhosa que cuidou tao bem de mim, eu posso afirmar com toda a certeza do mundo que eu tive os melhores dois anos da minha vida! Recomendo o intercâmbio seguido de um conselho: Pesquise muito, muito mesmo e questione as familias durante as entrevistas! O sucesso do seu ano depende de uma familia que te trate bem e te apoie. Se cair numa familia que nao se importe com voce como pessoa, será desfazer e refazer as malas para voltar pro Brasil. 

Au Pair e sim um intercâmbio muito válido, mas está em nossas mãos fazê-lo acontecer de forma segura e inteligente!

Sheilla Oliveira, Au Pair desde 14 de fevereiro de 2011 =)





Um comentário:

  1. Uau, que história legal Sheilla!
    Realmente, quando a gente tem sorte com a família, o trabalho vira um prazer e o aprendizado uma consequência. Eu sinto muito a falta das meninas que cuidava em Dublin!

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